quarta-feira, 11 de março de 2009

Sala de tratamentos

No dia 2 fui fazer mais um tratamento de imunoterapia ao Hospital dos Capuchos. Estava sentada num cadeirão, uma agulha espetada na mão com tres tubos ligados a ela e ao mesmo número de sacos, pendurados num suporte, que contêm liquidos que escorrem durante duas horas para a minha veia.
A uma dada altura, olhei para o fundo da sala, onde há uma passagem para uma casa de banho. Uma rapariga apoiada a um rapaz, também novíssimo, quase não cnseguia levantar os pés do chão. Era de estatura baixa, paracia uma criança. Tinha a cabelo muito curto, sinal de que já tinha suportado tratamentos de quimioterapia. Fiquei impressionada pois me paraeceu muito jovem. Tinha vestido um robe e nos pés sapatinhos de lã. Presumi que estaria internada e viera ali para fazer tratamento.
No dia quatro, fui a uma consulta com a minha médica de oncologia. Quando cheguei à sala de espera, foi-me dito que a doutora estava nas urgência nas salas de tratamentos a substituir uma colega. Poderiam os doentes marcar, para o dia seguinte, nova consulta ou serem atendidos no hospital de dia de quimioterapia.
Aceitei que ela me consultasse nesse dia pois tinha exames vários e análises para lhe mostrar. Quando, quem sofre de cancro, faz exames e análises, quer saber os resultados logo que possível, pois a vontade que lhe digam que está tudo bem é enorme.
Quando esperava pela médica, que atendia um paciente na Sala de Observação, chegam dois bombeiros que transportavam uma maca vazia. Da sala de observação, que comporta vários doentes, saíu um rapaz que disse a uma enfermeira:- A minha irmã já acabou o tratamento e a Doutoura já lhe deu alta. Ela diz que tem fome. A enfermeira chamou uma auxiliar que de imedito foi saber o que a doente queria comer. Passados uns minutos lá entrava, novamente, a auxiliar, com um tabuleiro onde se viam um copo de leite e um prato com um pãozinho.
Passado um bocado, saía da sala a mesma mocinha que eu vira no dia do meu tratamento.
A enfermeira ajudou-a a subir para a maca. Deu-lhe vários beijos e chamou-a pelo nome. Deitada na maca lá seguiu a A. para casa. Quando passou por mim fiz-lhe o melhor dos meus sorrisos que ela retribuiu.
A A. não sabe, mas , desde essa noite, não a esqueço nas minhas orações.
Quando a médica me comunicou que os meus exames e análises estavam perfeitos, fiz-lhe o mesmo sorriso, que aquela moça tão nova, já vira nos meus lábios.

8 comentários:

  1. Boa noite D. Idaldina
    Antes demais, fico muito feliz por saber que está tudo a correr bem. Será uma batalha, que por certo, vencerá!
    Em relação ao seu relato, mais uma vez não consigo conter as lágrimas... Esta doença, como acho que já referi, apavora-me e quando se trata de pessoas jovens ainda mais...
    Peço a Deus por todas as pessoas que sofrem e ao mesmo tempo, peço-Lhe perdão por nem sempre dar graças pelas coisas boas que Ele todos os dias me dá! Entre as quais a saúde, que é sem dúvida o melhor que temos.
    Um Beijinho muito grande

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  2. Idaldina,

    Uma lição de vida é o que eu aprendo aqui. E sabe, eu também sorri ao ler este seu Post...

    Obrigada por esta partilha que me faz crescer...MUITO!



    BJINHOS NESSE SEU CORAÇÃO...

    Sandra Brema

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  3. Cada vez que leio histórias destas dá-me vontade de chorar, mas a D. Idaldina fez-me sorrir com este post. Primeiro porque fiquei contente por estar a correr tudo bem e depois .... pelo sorriso e pela prece... pelo coração grande que a D. Idaldina tem!!
    Um grande beijinho

    Estamos noutro lado ... é só clicar no nome em cima! Lurdes

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  4. Olá D. Idaldina
    Que alegria me dá ao ler este texto.
    Primeiro, porque vejo que a senhora continua activa e atenta, e obviamente em franca recuperação. Quanto ao que escreve dessa menina, moça, mulher. Como eu concordo e acredito em tudo isso. Já lá vão 17 anos desde a morte de meu filho e ainda hoje tenho patente as imagens daquelas criancinhas que um dia nos desafiavam e depois era o que era.
    Cheguei até a postar um texto acerca da Joaninha, para além do meu filho, foi a criança que mais me marcou.
    Não tenho vergonha nenhuma em acrescentar que dias os há em que choro copiosamente ao reviver estas lembranças.
    Tenha um Bom Dia minha amiga e saúde da boooaaaa!
    Beijinhos

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  5. Idaldina,
    Que bom que está tudo bem consigo, vai concerteza continuar tudo bem e nós estamos aqui para tudo o que precisar.

    A história que conta é muito triste, tudo o que mexe com crianças e idosos, preocupa-se muito.Mas a forma como a Idaldina conta e a coragem que deu à jovem, é realmente muito bonita, que força e coragem a sua.parabéns.

    beijinhos sempre a torcer.

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  6. Olá Idaldina
    Reentro para lhe desejar um,
    Bom Fim de Semana.
    Beijinhos

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  7. Querida, fico muito, muito feliz por saber que estás bem, por saber que a moça recebeu alta...
    Sabe, hoje eu não estava bem, não é em relação a saúde, é em relação a vida,minha vida, tô meio perdida,sem rumo certo, e lendo seu depoimento vi que meu problema é tão minúsculo diante de tanta luda pela vida que me senti envergonhada e com nó na garganta...
    Obrigada minha amiga por me tirar,mesmo sem saber, de um estágio que não tava me fazendo bem... Nunca senti isso e não estava sabendo como lidar com isso, até vir aqui.

    Fica com Deus e tenhas um ótimo final de semana.

    Bjsss

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  8. É minha querida, nossos problemas ficam tão minúsculo diante de tantos problemas sérios que outros enfrentam... Esse pobre homem além de enfrenta a família, justiça, ainda tem que conviver com a cobrança de sua própria consciência. Que Deus o ajude.

    Bjs querida

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