Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sózinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.
De: António Lobo Antunes
Gostava de saber a vossa opinião, será que o escritor exagerou?
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Olá Dona Idaldina
ResponderEliminarIrra se a doença masculina fosse assim mesmo, Valha-me Deus, preferia ser uma estátua de ferro.
Realmente, pelas poucas vezes que estive doente, sabia bem ter todo o carinho, mas creio que se exagerasse, a mulher mandava-me às urtigas.
Um Bom dia para a menina.
Beijinhos
Eheheheh
ResponderEliminarHá homens assim ;)
Beijinho
Carla
Idaldina,
ResponderEliminarEu com o meu marido não tenho muita razão de queixa.
Mas acho que o homens são muito "piegas", quando estão doentes com uma simples gripe, já pensam que vou morrer e tornam-se chatos..
Não é à toa que se diz:
" Se fossem os homens a ter filhos havia um por casal, eles não aguentavam a dor do segundo"
Beijocas pelas mulheres corajosas
Fabuloso! :)
ResponderEliminarJá me ofereceu uma gargalhada hoje.
E sim...é tal e qual.