quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Para uma amiga

A., este ano, para ti não há Natal mas quero dizer-te que estou contigo, que rezo por ti.
Os meus préstimos são fracos mas posso dividir contigo a força, coragem e paciência que me acompanham nesta luta.
Beijos gordos e de muito carinho
Dina

É Natal... é Natal...

... e eu não podia deixar de vir aqui para vos desejar uma Santa noite e um Feliz dia junto de todos os vossos entes queridos. Eu vou estar com aqueles que adoro, a minha família linda que tantas alegrias me dá. A noite vai ser passada em casa da minha filhota (desde que adoeci são eles os anfitrões) onde à mesa fumegará o delicioso e tradicinal bacalhau com todos - mesmo todos, porque o Rui é um excelente cozinheiro e não delega a ninguém esta tarefa. A Mónica e o Afonso, muito excitados, aguardam impacientes que chegue a meia noite para poderem abrir os presentes. A "cerimónia" é muito engraçada pois começando pelo mais velho da família inicia-se a distribuição das prendinhas - esta tarefa cabe aos pequenotes - a minha filha regista os momentos para a posteridade, sempre de máquina fotográfica na mão. Claro que a excitação da pequenada aumenta à medida que a sua vez se aproxima mas divertem-se imenso e tudo corre lindamente. Estas noites aquecem-me a alma e fazem-me esquecer o meu problema de saúde, é por estes motivos que peço, este ano, ao Menino Jesus, me conceda a Graça de mais uns aninhos de vida. Do fundo do meu coração desejo-vos: SAÚDE...PAZ...AMOR...ALEGRIA... Beijos de muito carinho e amizade Idaldina

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Voltei ....

Cá estou eu a dar-vos notícias, depois de uma longa ausência. Este mês de Setembro foi mais um marco na minha vida. Fui sujeita a vários exames e análises pois tive consulta de controlo. O frio na barriga, o aperto no estômago, a dor fininha no peito acompanharam-me vários dias mas quando o médico, com um sorriso no rosto, me comunicou que estava tudo perfeito senti-me leve e feliz. Só quem já passou por estes bocados sabe o alivio que nos invade quando nos dizem que está tudo bem. Claro que daqui a três mêses terei de passar novamente pela mesma tortura mas até lá vou tentar esquecer continuando a pedir a Deus que me dê coragem para lidar com este problema.
Mas tive, também, neste período, muitas alegrias muitas delas dadas pelos meus netos. Apesar de idades diversas, 20, 17, 10 e quase 3, são todos de uma extrema meiguice e eu adoro a minha menina e os meus meninos. Certamente já vos terei dito que eles são a razão do meu viver e a eles devo grande parte da força com que tenho enfrentado o cancro.
Para todos os que sofrem este flagelo vão os meus votos de rápidas melhoras, muita coragem e muita força.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Homenagem a uma grande amiga

TEU CORPO DE AGOSTO

Teu corpo é Agosto

Tu cheiras a verão
por baixo das veias

Tu cheiras a quente

Tu cheiras à febre
do sangue maduro

Teu ventre de orgia
teu cheiro a sodoma
aroma-mulher

Teu corpo de Agosto
tem cheiro a Setembro.


In "Amor no feminino"

Manuela Amaral

1934 – 1995

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O búzio

Fecha só os olhos meu amor. E devagar
escuta os mesmos sons. A água
escorre para a sede quente:
areia de pés nus.

Encosta só o ouvido. Respira
esta harmonia deste corpo. Os mesmos sons
projectos do tamanho deste mar.

Suave esta espiral. Flauta de ruídos
para ouvir.
E não se parte o corpo. Só pelos sons
os mesmos sons. Tocata para um dia.

Escuta. Compara. Não vês a diferença
entre o cantar e o ser
de uma alegria?



Manuel Rui (poeta angolano)

sábado, 8 de agosto de 2009

Que grande ausência !...

A mudança de servidor só hoje me deixa voltar ao vosso convívio. Há coisas que parecem fáceis mas, não sei porquê, se tornam díficeis. Foi o que sucedeu com a alteração de servidor, televisão/telefone/internet, no meu domícilio citadino.
Realmente, nesta nossa curta passagem pelo planeta terra nada é fácil, ou quase nada.
No dia 30 de Julho o pai dos meus filhos teve a infelicidade de ser envolvido num acidente de automóvel, um carro que ultrapassou um outro que estava parado num stop foi colidir com o dele. Desta colisão resultou a morte da sua mulher com lesões internas, ele , graças a Deus , teve ferimentos ligeiros. Eu conhecia a Milú desde que éramos crianças, ela era vizinha de uma grande amiga minha. Eu ía muitas vezes estudar ou brincar para casa da minha amiga e colega e a Milú e sua irmã juntavam-se a nós. As voltas que a vida dá ... a Milú viria a ser, muito mais tarde, a outra "avó" dos meus netos.
A Mónica ficou comigo e com o "avô" Chico até que fossem de férias. Os pais deram-lhe a notícia da morte da "avó" Milú, ela chorou muito. No dia seguinte pergunto-me
- Não achas, avó, que a vida de uma criança, por vezes, é muito difícel? respondi-lhe que sim e comentei que a vida nem sempre é fácil, todos temos de estar preparados para os momentos difíceis que temos de enfrentar no caminho que percorremos desde que nascemos até nos transformarmos numa estrelinha, mais uma, que irá brilhar no céu. Ainda me disse - Muitas vezes digo a mim própria que a vida não é fácil. Abracei-a, dei-lhe muitos beijos e juntámos as nossas lágrimas. Apesar dos seus dez anitos é já uma menina crescida ...
Hoje, ouvi o comunicado da morte do Raúl Solnado e fiquei triste. Perdemos um grande actor, um gande humorista, um gande HOMEM. Desde oos meus 11 anos que ele me faz rir e tenho de agradecer-lhe por isso. A partir de hoje ele vai levar o seu humor a todos aqueles que já não estão no nosso convívio. E nós temos de atender ao seu pedido - "Façam o favôr de ser felizes". Até sempre Raul, espero rir-me muito mais com as suas piadas.
Desculpem, amigos , a extensão do meu post

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Um neto com vinte anos

É verdade, o meu neto mais velho fez ontem vinte anos e ao contrário do que é normal ouvirmos eu não me sinto velha. Gosto de ser para os meus meninos e menina a amiga e companheira que se por um lado gosta de lhes satisfazer as vontades, por outro sabe dizer-lhes que não, se fôr necessário. Eles são, para mim, poços de meiguice, falam comigo sobre todos os assuntos, sinto-me jovem quando estamos juntos. Sou uma avó super feliz e adoro os meus netos. Eles dão-me força para viver.

domingo, 12 de julho de 2009

Notícias

Depois de uma longa ausência, aqui estou a dar-vos notícais. Felizmente, estou bem. Acontece que resolvi mudar de servidor de internet e cancelei o serviço que tinha acreditando que me instalariam o novo, como haviam prometido. Só depois de vários contactos com informações antagónicas e porque pedi para falar com a chefia do sector, consegui que na semana que entra me façam a instalação.
Aqui na casinha onde oiço os passarinhos, os patos, as rãs, as ovelhas e os cães ,tenho net e só depois que aqui cheguei tive hipótese de ver o meu correio- a caixa, transbordava - e saber notícias das amigas e amigos blogueiros. Não tive ainda tempo para fazer comentários pois tenho andado ocupada com umas arrumações. Desejo-vos um óptimo fim de semana. Façam o favor de ser felizes.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Dia de fortes emoções

Ontem o meu dia foi de muitas e fortes emoções e, claro, de muitas lágrimas. Não, não foram lágrimas de tristeza mas de comoção e alegria. A minha neta frequentou durante sete anos´, entrou com 3 e vai sair com 10, um colégio. Ontem tiveram uma festa de fecho de ano, como sempre fizeram no fim de cada ano letivo. Ontem a festa foi muito especial, a Mónica e os coleguinhas eram finalistas. A minha filha com a ajuda de outras mães fez dois lindos trabalhos para oferecer às professoras da classe infantil e da primária. O Rui fez um discurso lindissimo, representando todos os pais. A Mónica estava linda no seu papel de apresentadora Bárbara Come-pães, que representou sem falhas. Confeccionei um "vestido preto, cai-cai e com brilhos" como ela me pedíu. Ela estava tão bonita, de olhos pintados e com um baton muito clarinho, parecia uma menina mais crescida. Tão doce e querida ... a minha neta !...
A outra emoção foi a chegada, vindo de Moçambique, do meu neto mais velho. Está um homem o meu menino ... e tão bonito !...
De felicidade, de alegria, também se chora ... e se eu chorei...!
Foi um dia lindo que culminou com um jantar em família.
Que o Senhor abençoe os meus filhos e os meus netos e me ajude a estar com eles mais alguns anos é a minha oração diária.
Tinha que repartir com os meus amigos e amigas virtuais esta toda esta felicidade. Beijos para todos
Idaldina

domingo, 21 de junho de 2009

Ida a FÁTIMA

Li no blog Brilho dos Anjos que hoje o Movimento Rosa Esperança - mulheres com cancro de mama - se reuniria em Fátima para assistir à missa das 11h00.
Eu tinha feito uma promessa, ir a Fátima depois de acabar os meus tratamentos. Convidei uma amiga, que também está perto do local onde me encontro a passar uns dias, e às 08h15 lá fomos. Uma hora depois chegávamos ao parque de estacionamento junto ao Santuário.O calor já começava a apertar. Procurámos uma sombra e sentámo-nos. Na capelinha das aparições começou a rezar-se o terço, nós acompanhámos.
Vimos aproximarem-se do local onde estávamos várias mulheres, de diversas idades, vestidas de branco e rosa - cores do movimento. Nós, também de branco e rosa, caminhámos atrás delas e juntas participámos da missa.
Esta missa, perto destas mulheres que, pelo seu aspecto, passaram ou estão passando o mesmo que eu, criou-me uma alma nova. Lágrimas saltaram-me dos olhos, um mixto de tristeza e alegria. Tristeza porque sabia que todas ali foramos para pedir o mesmo, cura para nós e para todas as que sofrem deste mal. Alegria porque para ali estarmos já tínhamos ultrapassado todos ou quase todos os tratamentos a que nos sujeitam.
A minha amiga, felizmente, não foi atacada pela doença mas o cancro levou-lhe o marido há ano e meio.
No grupo também se encontravam maridos e filhos das mulheres do Rosa Esperança. A família é uma ajuda sem limites para quem sofre desta doença.
A todas as "minhas colegas", como lhes chamo, eu desejo um triunfo absoluto mas, não esqueçam, a nossa força e coragem são essesnciais para vencermos o maldito "animal".
Nossa Senhora de Fátima vos proteja e vos dê tudo o que quero para mim.
Para todas muitos beijos e muitas rosas, brancas e cor de rosa.
Idaldina

terça-feira, 16 de junho de 2009

Sátira aos homens com gripe

Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sózinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.


De: António Lobo Antunes

Gostava de saber a vossa opinião, será que o escritor exagerou?

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Minha filha, meu amor

Ontem tive um dia atarefado e não me foi possível vir ao blog.
A minha filha fez ontem anos. A família juntou-se e todos estivemos muito felizes e animados. A qui vos deixo o comentário que fiz ao post que ela tem no seu blog.

"Filhota, adoro-te, sempre te adorei, sempre foste a minha Menina...
Nasceste linda, 4.100kg e 51cm, de um parto maravilhoso. Tinhas uma carinha redonda e vermelhinha, o teu irmão quando te viu chamou-te de "moranguinho" e ficou muito contente por seres uma menina. Os dois encheram, e ainda enchem, o meu coração de alegria.
Foste uma bebé muito desejada.
Passados 39 anos contínuas linda. Deste-me mais um filho, o Rui, e dois netos maravilhosos, a Mónica e o Afonso. Amo-vos e rezo para que a vossa vida seja sempre a melhor do mundo.
Sei que Deus sempre vos abençoará.
Beijos carinhosos, uma flor e muitos sorrisos
Mãe"

Os meus filhos e os meus netos são a minha razão de viver. Sempre peço a Jesus e a Nossa Senhora me deixem estar mais uns anos na companhia dos meus entes muito queridos.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Prémio Camões 2009

Adorei ouvir a notícia, o Prémio Camões 2009 foi atribuído ao poeta cabo-verdeano Arménio Vieira. O escritor que é também jornalista nasceu em 1941 na cidade da Praia, ilha de Santiago.
Sempre sinto um imenso orgulho quando se fala de Cabo-Verde e da sua cultura e ontem foi um dia grande para a minha terra.

De: Arménio Vieira LISBOA - 1971


A Ovídio Martins e Osvaldo Osório
.
Em verdade Lisboa não estava ali para nos saudar.
Eis-nos enfim transidos e quase perdidos
no meio de guardas e aviões da Portela.

Em verdade éramos o gado mais pobre
d'África trazido àquele lugar
e como folhas varridas pela vassoura do vento
nossos paramentos de presunção e de casta.

E quando mais tarde surpreendemos o espanto
da mulher que vendia maçãs
e queria saber donde... ao que vínhamos
descobrimos o logro a circular no coração do Império.

Porém o desencanto, que desce ao peito
e trepa a montanha,
necessita da levedura que o tempo fornece.

E num caminhão, por entre caixotes e resquícios da véspera,
fomos seguindo nosso destino
naquela manhã friorenta e molhada por chuviscos d'inverno

terça-feira, 2 de junho de 2009

Peregrinação de Luís Portugal a Santiago

Dedico este post ao amigo Luis Portugal e sua mulher que iniciam hoje a sua peregrinação a Santiago de Compostela. Que Deus os proteja e ajude!...

Chant d'un Pelerin de Compostelle - (J. C. Bénazet)

Tous les matins nous prenons le chemin, tous les matins nous
allons plus loin, jour après jour la route nous appelle, c'est la voie de Compostele.
Ultreia ! Ultreia ! e sus eia, Deus adjuva nos.
Chemin de terre et chemin de foi voie millénai rede
de l'Europe, la voie lactée de Charle Magne, c'est le chemin de tous les Jacquests.
Ultreia ! Ultreia ! e sus eia, Deus adjuva nos.
Et tout là bas au bout du continent, Messire Jacques
nous attend, depuis toujours son sourire fixe le soleil qui meurt au Finistère.
Ultreia ! Ultreia ! e sus eia, Deus adjuva nos.
Ultreia ! Ultreia ! e sus eia, Deus adjuva nos.
Ultreia ! Ultreia ! e sus eia, Deus adjuva nos

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Semana movimentada

Depois de um calmo fim de semana, embora com um sábado molhado, a ouvir patinhos, ovelhas, andorinhas, melros e cães, veio a 2ªfeia - ontem num desenho animado um bonequito chamava-lhe o sovaco da semana, ri-me, pois nunca ouvira chamar tal nome ao primeiro dia da semana - e com ela uma ida com o meu marido a uma consulta. As notícias não são das melhores e fiquei bastante em baixo. Quando os problemas são comigo tenho força suficiente para os enfrentar, se são com pessoas que me são queridas não dou a volta com tanta facilidade. Como, normalmente, o azar nunca bate à porta sózinho, começou na 3ªfeira uma obra na cozinha cá de casa. Felizmente, a minha filha precisou do meu apoio - o marido saíu do país por 3 dias - e eu dormi em casa dela. Foi uma pedra de gelo num copo de wisky - por acaso não gosto de tal bebida - pois estar com a minha menina crescida e com a minha príncesa e o meu príncipe foi um bálsamo para as minhas preocupações. Levantei-me, sem o mínimo sacrificio, às 07.00h, eu que depois da químio, rádio e Erceptin,me tornei mais dorminhoca. Levei a Mónica ao colégio e depois vim à minha vida para regressar à tardinha.
Ontem, o Afonso acordou com febre, fiquei com ele e apesar de ele estar murchito brincámos, dei-lhe muitos beijinhos e miminhos, e recebi também muitos dele. é muito querido e meiguinho. Foi muito bom tê-lo só para mim umas quantas horas. Adorei, pena ele estar doentito. Felizmente , depois da sesta não voltou a ter febre e ficou mais espevitado.
Hoje tenho dedicado o dia a limpeza e arrumações, que se prolongarão durante o fim de semana.
Venho desejar-lhes um belíssimo fim de semana com ums dias que já convidam a uma ida à praia. Adoro o mar, dá-me energia e boa disposição.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

...Que alegria...!!!

Hoje estou feliz, feliz, feliz ... quero partilhar com todos vós a alegria que me vai na alma ... Fui consultada pela médica de oncologia que me segue desde Outubro de 2007 ... As análises estão perfeitas, vou pedir-lhe uns exames e novas análises que irá apresentar ao cirurgião em Setembro e eu só quero vê-la em Janeiro com outras análises e outros exames - disse ela. Agradeci e despedimo-nos ... Chegada ao corredor tive vontade de pular, não o fiz porque pensei que seriam capazes de me internar calculando que eu não estava bem da cabeça ... lol!lol!lol!
Com a ajuda de meu marido, meus filhos, netos, amigos ( também os virtuais ), médicos, enfermeiras ( chamo-lhes as minhas fadas ) e de Deus, que sempre me acompanhou e não deixou que a minha fé fosse abalada, consegui ultrapassar esta fase menos boa da minha vida.
Um enorme obrigada a todos, bem hajam!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Desafio

Fui desafiada pelo Luís Portugal a escrever nomes de séries e novelas "do antigamente" a que assisti na TV.
Aqui vão : Dallas - Gabriela Cravo e Canela - Casei com uma Feiticeira
- Escrava Isaura - Espaço 1999 - Lassie - Os Flintstones - Alfred Hitchcock Apresenta - Os Marretas - Bonanza - Get Smart - O Homem Invisivel - Uma Casa na Pradaria - Colombo - Fawlty Towers.

Vou passar o desafio a : Neide - MJC - MJ

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Catchupa

Ontem o nosso dia foi óptimo. Fiz um panelão de catchupa e fomos para casa dos filhotes. Juntámo-nos, a família e uns amigos, para almoçar. Foi um encontro genuinamente cabo-verdeano, o prato típico do arquipélago de Cabo Verde acompanhado de música também da minha terra. Entre os amigos tivemos três estreantes adultos e três teen-agers - duas amiguinhas e a minha neta - que não se cansaram de elogiar o cozinhado e, claro, a cozinheira. A minha Mónica espantou-nos, ela que é tão esquisita com o que come, repetíu. A ementa do jantar foi a mesma, ninguém se cansou do petisco. Gosto muito de fazer esta comida, todos os amigos que já a comeram adoram.
A amizade reina quando nos juntamos. Eu e meu marido adoramos estar com eles e sentímo-nos bem mais jovens, divertimo-nos imenso e eu esqueço todos os meus males. A Mónica e o Afonso ficam super felizes, adoram estes convívios.
Peço a Deus me ajude a usufruir destas excelentes companhias por mais uns anitos.
È muito bom ter uma família muito querida e amigos que nos acarinham.
Obrigada, muito obrigada a todos.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem destrói o seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o "preto no branco"
e os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite,
uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante,
desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!»

Pablo Neruda

terça-feira, 12 de maio de 2009

Amizade virtual mas muito, muito sentida

Este poema da sublime poeta Florbela Espanca foi-me dedicado pelo grande amigo F.V. a quem já agradeci. Desde que me iniciei na blogosfera ele tem sido uma espécie de anjo que me acompanha, que tem a paciência de me ler, que me dedica muita ternura e carinho. Bem haja F.. Os meus prétimos são poucos mas o meu coração é grande, nele cabem sempre amigos como você. Obrigada.

À MINHA BOA AMIGA... DONA IDALDINA


Se os que me viram já cheia de graça
Olharem bem de frente para mim,
Talvez, cheios de dor, digam assim :
«Já ela é velha! Como o tempo passa! ... »

Não sei rir e cantar por mais que faça!
Ó minhas mãos talhadas em marfim,
Deixem esse fio de oiro que esvoaça!
Deixem correr a vida até ao fim!

Tenho vinte e três anos! Sou velhinha!
Tenho cabelos brancos e sou crente ...
Já murmuro orações ... falo sozinha ...

E o bando cor-de-rosa dos carinhos
Que tu me fazes, olho-os indulgente,
Como se fosse um bando de netinhos ...


(Florbela Espanca)


Com muito carinho a essa bela senhora, Dona Idaldina

A semana que passou

A semana passada, quarta-feira, fiz o meu último tratamento de Herceptin. Os dias seguintes , físicamente, não foram fáceis. Apesar de, juntamente com este medicamento, ter recebido um frasco de Panacetamol as dores foram muitas o que me deixou um pouco em baixo. Mas a apoximação do 10º aniversário da minha neta, uns quantos analgésicos e, claro, a minha força anímica conseguiram que, na sexta-feira à tarde, eu me sentísse melhor.
Fomos, eu e meu marido, buscar a nossa menina ao colégio. Depois de umas voltinhas, que aproveitámos para compras, jantámos e só depois a levámos a casa onde o Afonso nos recebeu com grande alegria - daqui a mais uns anitos poderemos fazer o mesmo com ele.
A princesa já estava um pouco excitada pois no dia seguinte era, como nos disse, mais um dia muito feliz da sua vida. Como não gosta de ver nimguém triste acrescentou que os dias de aniversário de familiares e amigos são os seus dias mais felizes. É um amor , a nossa Mónica!
No sábado, depois da festa com os amiguinhos no Jardim Zoológico, a família e uns amigos mais chegados juntámo-nos para um excelente jantar e ainda melhor convívio.
A Mónica estava radiante, o Afonso excitadíssimo , ele adora festas, a mãe e o pai muito felizes, os avós e tio contentíssimos.
Uma das maneiras que tenho de agradecer a esta família que me rodeia de ternura e carinho é lutar com todas as minhas forças contra esta doença que me ataca. Não os vou desiludir...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A Invenção do Amor

Há muito que pensei postar este poema, que acho lindíssimo, mas estava e estou com receio que o achem muito comprido.
Hoje lembrei-me dele e não resisti a compartilhá-lo com os amigos que me visitam.
Espero não vos aborrecer.
O poeta era meu conterraneo, Daniel Filipe de seu nome e faleceu em 1964.
Leiam e dêem a vossa opinião.

A INVENÇÃO DO AMOR


Em todas as esquinas da cidade
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e
detergentes na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa
esperança de fuga
um cartaz denuncia o nosso amor


Em letras enormes do tamanhodo medo da solidão da angústia
um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
se encontraram num bar de hotel
numa tarde de chuva
entre zunidos de conversa
e inventaram o amor com carácter de urgência
deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia quotidiana

Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração
e fome de ternurae souberam entender-se sem palavras inúteis
Apenas o silêncio A descoberta A estranheza
de um sorriso natural e inesperado

Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna
Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente
Embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta
de um amor subitamente imperativo

Um homem uma mulher um cartaz de denúncia
colado em todas as esquinas da cidade
A rádio já falou A TV anuncia
iminente a captura A policia de costumes avisada
procura os dois amantes nos becos e avenidas
Onde houver uma flor rubra e essencial
é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta
fechada para o mundo
É preciso encontrá-los antes que seja tarde
Antes que o exemplo frutifique
Antes que a invenção do amor se processe em cadeia

Há pesadas sanções paras os que auxiliarem os fugitivos

Chamem as tropas aquarteladas na província
convoquem os reservistas os bombeiros os elementos da defesa passiva
Todos
Decrete-se a lei marcial com todas as suas consequências
O perigo justifica-o
Um homem e uma mulher
conheceram-se amaram-se perderam-se no labirinto da cidade
É indispensável encontrá-los dominá-los convencê-losantes que seja demasiado tarde
e a memória da infância nos jardins escondidos
acorde a tolerância no coração das pessoas


Fechem as escolas
Sobretudo protejam as crianças da contaminação
Uma agência comunica que algures ao sul do rio
um menino pediu uma rosa vermelha
e chorou nervosamente porque lha recusaram
Segundo o director da sua escola é um pequeno triste
Inexplicavelmente dado aos longos silêncios e aos choros sem razão
Aplicado no entanto Respeitador da disciplina
Um caso típico de inadaptação congénita disseram os psicólogos
Ainda bem que se revelou a tempo
Vai ser internado
e submetido a um tratamento especial de recuperação
Mas é possível que haja outros. É absoIutamente vitalque o diagnóstico se faça no período primário da doença
E também que se evite o contágio com o homem e a mulher
de que se fala no cartaz colado em todas as esquinas da cidade

Está em jogo o destino da civilização que construímos
o destino das máquinas das bombas de hidrogénio
das normas de discriminação racial
o futuro da estrutura industrial de que nos orgulhamos
a verdade incontroversa das declarações políticas

Procurem os guardas dos antigos universos concentracionários
precisamos da sua experiência onde quer que se escondam
ao temor do castigo

Que todos estejam a postos
Vigilância é a palavra de ordem
Atenção ao homem e à mulher de que se fala nos cartazes
À mais ligeira dúvida não hesitem denunciem
Telefonem à polícia ao comissariado ao Governo Civil
não precisam de dar o nome e a morada
e garante-se que nenhuma perseguição será movida
nos casos em que a denúncia venha a verificar-se falsa

Organizem em cada bairro em cada rua em cada prédio
comissões de vigilância. Está em jogo a cidadeo país a civilização do ocidente
esse homem e essa mulher têm de ser presos
mesmo que para isso tenhamos de recorrer às medidas mais drásticas

Por decisão governamental estão suspensas as liberdades individuais
a inviolabilidade do domicílio o habeas corpus o sigilo da correspondência
Em qualquer parte da cidade um homem e uma mulher amam-se ilegalmente
espreitam a rua pelo intervalo das persianas
beijam-se soluçam baixo e enfrentam a hostilidade nocturna
É preciso encontrá-los
É indispensável descobri-los
Escutem cuidadosamente a todas as portas antes de bater
É possível que cantem
Mas defendam-se de entender a sua voz
Alguém que os escutou
deixou cair as armas e mergulhou nas mãos o rosto banhado de lágrimas
E quando foi interrogado em Tribunal de Guerra
respondeu que a voz e as palavras o faziam feliz
Lhe lembravam a infância
Campos verdes floridos Água simples correndo A brisa nas montanhas

Foi condenado à morte é evidente
É preciso evitar um mal maior
Mas caminhou cantando para o muro da execução
foi necessário amordaçá-lo e mesmo assim desprendia-se dele
um misterioso halo de uma felicidade incorrupta

Impõe-se sistematizar as buscas Não vale a pena procurá-los
nos campos de futebol no silêncio das igrejas nas boîtes com orquestra privativa
Não estarão nunca aí
Procurem-nos nas ruas suburbanas onde nada acontece
A identificação é fácil
Onde estiverem estará também pousado sobre a porta
um pássaro desconhecido e admirávelou florirá na soleira a mancha vegetal de uma flor luminosa
Será então aí
Engatilhem as armas invadam a casa disparem à queima roupa
Um tiro no coração de cada um
Vê-los-ão possivelmente dissolver-se no ar Mas estará completo o esconjuro
e podereis voltar alegremente para junto dos filhos da mulher

Mais ai de vós se sentirdes de súbito o desejo de deixar correr o pranto
Quer dizer que fostes contagiados Que estais também perdidos para nós
É preciso nesse caso ter coragem para desfechar na fronteo tiro indispensável
Não há outra saída A cidade o exige
Se um homem de repente interromper as pesquisas
e perguntar quem é e o que faz ali de armas na mão
já sabeis o que tendes a fazer Matai-o Amigo irmão que seja
matai-o Mesmo que tenha comido à vossa mesa e crescido a vosso lado
matai-o Talvez que ao enquadrá-lo na mira da espingarda
os seus olhos vos fitem com sobre-humana náusea
e deslizem depois numa tristeza líquida
até ao fim da noite Evitai o apelo a prece derradeira
um só golpe mortal misericordioso basta
para impor o silêncio secreto e inviolável

Procurem a mulher e o homem que num bar
de hotel se encontraram numa tarde de chuva
Se tanto for preciso estabeleçam barricadas
senhas salvo-condutos horas de recolher
censura prévia à Imprensa tribunais de excepção
Para bem da cidade do país da cultura
é preciso encontrar o casal fugitivo
que inventou o amor com carácter de urgência

Os jornais da manhã publicam a notícia
de que os viram passar de mãos dadas sorrindo
numa rua serena debruada de acácias
Um velho sem família a testemunha diz
ter sentido de súbito uma estranha paz interior
uma voz desprendendo um cheiro a primavera
o doce bafo quente da adolescência longínqua
No inquérito oficial atónito afirmou
que o homem e a mulher tinham estrelas na fronte
e caminhavam envoltos numa cortina de música
com gestos naturais alheios Crê-seque a situação vai atingir o climax
e a polícia poderá cumprir o seu dever

Um homem uma mulher um cartaz de denúncia
A voz do locutor definitiva nítida
Manchetes cor de sangue no rosto dos jornais

É PRECISO ENCONTRÁ-LOS ANTES QUE SEJA TARDE

Já não basta o silêncio a espera conivente o medo inexplicado
a vida igual a sempre conversas de negócios
esperanças de emprego contrabando de drogas aluguer de automóveis
Já não basta ficar frente ao copo vazio no café povoado
ou marinheiro em terra a afogar a distância
no corpo sem mistério da prostituta anónima
Algures no labirinto da cidade um homem e uma mulher
amam-se espreitam a rua pelo intervalo das persianas
constroem com urgência um universo do amor
E é preciso encontrá-los E é preciso encontrá-los

Importa perguntar em que rua se escondem
em que lugar oculto permanecem resistem
sonham meses futuros continentes à espera
Em que sombra se apagam em que suave e cúmplice
abrigo fraternal deixam correr o tempo
de sentidos cerrados ao estrépito das armas
Que mãos desconhecidas apertam as suas
no silêncio pressago da cidade inimiga

Onde quer que desfraldem o cântico serenorasgam densos limites entre o dia e a noiteE é preciso ir mais longedestruir para sempre o pecado da infânciaerguer muros de prisão em circulos fechadosimpor a violência a tirania o ódio

Entretanto das esquinas escorre em letras enormes
a denúncia total do homem e da mulher
que no bar em penumbra numa tarde de chuva
inventaram o amor com carácter de urgência

COMUNICADO GOVERNAMENTAL À IMPRENSA

Por diversas razões sabe-se que não deixaram a cidadeo nosso sistema policial é óptimo estão vigiadas todas as saídasencerramos o aeroporto patrulhamos os caishá inspectores disfarçados em todas as gares de caminhos de ferro

É na cidade que é preciso procurá-los
incansavelmente sem desfalecimentos
Uma tarefa para um milhão de habitantes
todos são necessários
todos são necessários
Não sem preocupem com os gastos a Assembleia votou um crédito especial
e o ministro das Finanças
tem já prontas as bases de um novo imposto de Salvação Pública


Depois das seis da tarde é proibido circular
Avisa-se a população de que as forças da ordem
atirarão sem prevenir sobre quem quer que seja
depois daquela hora Esta madrugada por exemplo
uma patrulha da Guarda matou no Cais da Areia
um marinheiro grego que regressava ao seu navio

Quando chegaram junto dele acenou aos soldados
disse qualquer coisa em voz baixa e fechou os olhos e morreu
Tinha trinta anos e uma família à espera numa aldeia do Peloponeso
O cônsul tomou conhecimento da ocorrência e aceitou as desculpas
do Governo pelo engano cometido
Afinal tratava-se apenas de um marinheiro qualquer
Todos compreenderam que não era caso para um protesto diplomático
e depois o homem e a mulher que a policia procura
representam um perigo para nós e para a Grécia
para todos os países do hemisfério ocidental
Valem bem o sacrifício de um marinheiro anónimo
que regressava ao seu navio depois da hora estabelecida
sujo insignificante e porventura bêbado


SEGUE-SE UM PROGRAMA DE MÚSICA DE DANÇA

Divirtam-se atordoem-se mas não esqueçam o homem e a mulher
Escondidos em qualquer parte da cidade
Repete-se é indispensável encontrá-los
Um grupo de cidadãos de relevo ofereceu uma importante recompensa
destinada a quem prestar informações que levem à captura do casal fugitivo
Apela-se para o civismo de todos os habitantes
A questão está posta É preciso resoIvê-lapara que a vida reentre na normalidade habitual
Investigamos nos arquivos Nada consta
Era um homem como qualquer outro
com um emprego de trinta e oito horas semanais
cinema aos sábados à noite
domingos sem programa
e gosto pelos livros de ficção cientifica
Os vizinhos nunca notaram nada de especial
vinha cedo para casa
não tinha televisão,deitava-se sobre a cama logo após o jantar
e adormecia sem esforço

Não voltou ao emprego o quarto está fechado
deixou em meio as «Crónicas marcianas»perdeu-se precipitadamente no labirinto da cidade
à saída do hotel numa tarde de chuva
O pouco que se sabe da mulher autoriza-nos a crer
que se trata de uma rapariga até aqui vulgar
Nenhum sinal característico nenhum hábito digno de nota
Gostava de gatos dizem Mas mesmo isso não é certo
Trabalhava numa fábrica de têxteis como secretária da gerência
era bem paga e tinha semana inglesa
passava as férias na Costa da Caparica.

Ninguém lhe conhecia uma aventura
Em quatro anos de emprego só faltou uma vez
quando o pai sofreu um colapso cardíaco
Não pedia empréstimos na Caixa
Usava saia e blusa
e um impermeável vermelho no dia em que desapareceu

Esperam por ela em casa: duas cartas de amigaso último número de uma revista de modasa boneca espanhola que lhe deram aos sete anosFicou provado que não se conheciamEncontraram-se ocasionalmente num bar de hotel numa tarde de chuvasorriram inventaram o amor com carácter de urgênciamergulharam cantando no coração da cidade

Importa descobri-los onde quer que se escondamantes que seja demasiado tardee o amor como um rio inunde as alamedaspraças becos calçadas quebrando nas esquinas

Já não podem escapar Foi tudo calculado
com rigores matemáticos Estabeleceu-se o cerco
A policia e o exército estão a postos Prevê-se
para breve a captura do casal fugitivo
(Mas um grito de esperança inconsequente vem
do fundo da noite envolver a cidade
au bout du chagrin une fenêtre ouverte
une fenêtre eclairée)



DANIEL FILIPE (1925-1964)
Poeta caboverdiano

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Amigos, voltei....




Por motivos alheios à minha vontade, entre eles uma doença no computador, só hoje me é possível regressar ao vosso convívio. Vou recomeçar as visitas aos vossos cantinhos.
Aqui vai um miminho para todos.
Beijos

terça-feira, 21 de abril de 2009

Viver o dia de hoje

Não penses para amanhã. Não lembres o que foi de ontem. A memória teve o seu tempo quando foi tempo de alguma coisa durar. Mas tudo hoje é tão efémero. Mesmo o que se pensa para amanhã é para já ter sido, que é o que desejamos que seja logo que for. É o tempo de Deus que não tem futuro nem passado. Foi o que dele nós escolhemos no sonho do nosso absoluto. Não penses para amanhã na urgência de seres agora. Mesmo logo à tarde é muito tarde. Tudo o que és em ti para seres, vê se o és neste instante. Porque antes e depois tudo é morte e insensatez. Não esperes, sê agora. Lê os jornais. O futuro é o embrulho que fizeres com eles ou o papel urgente da retrete quando não houver outro.

Vergílio Ferreira, in "Escrever"

quinta-feira, 9 de abril de 2009

SANTA PÁSCOA PARA TODOS OS AMIGOS


Que esta Páscoa vos traga muita Paz, Saúde, Amor, Felicidade, Compreensão e Carinho.
Também, para os que podem comer doces, ovos de chocolate e amêndoas.
Bjs
Idaldina

quarta-feira, 1 de abril de 2009

La diva aux pieds nus

Cesária Évora, a minha conterrânea, cantora , foi agraciada com a Ordre National de la Légion d'Honneur (Ordem nacional da legião de honra) , uma condecoração honorífica francesa. Ela foi instituída em 20 de Maio de 1802 por Napoleão Bonaparte e recompensa os méritos eminentes militares ou civis à nação. O nosso arquipélago ficou ainda mais orgulhoso daquela mulher do pôvo, que tão longe tem levado o nome de Cabo Verde. Recebeu a condecoração das mãos da Ministra da Cultura Francesa. O Governo Cabo-Verdeano escreveu à artista agradecendo-lhe o que ela projecta a imagem de Cabo Verde no Mundo. Parabéns Cize- nome porque é carinhosamente tratada- contínua, com a tua voz serena e melodiosa, a levantar bem alto o nome da terra que nos víu nascer.

segunda-feira, 30 de março de 2009

A amizade

Li um post de um amigo blogueiro que me arrepiou. Queixava-se da traição de alguém que considerava seu amigo. Logo me lembrei de uma canção cujo poema foi escrito em francês, embora o seu autor seja de origem Libia - Tripoli - de seu Nome Herbert Pagani.Ele interpretava esta canção com um sentimento de força impressionante.


L'amitié

Ca fleurit comme une herbe sauvage
N'importe où, en prison, à l'école,
Tu la prends comme on prend la rougeole
Tu la prends comme on prend un virage
C'est plus fort que les liens de la famille
Et c'est moins compliqué que l'amour
Et c'est là quand t'es rond comme une bille
Et c'est là quand tu cries au secours
C'est le seul carburant qu'on connaisse
Qui augmente à mesure qu'on l'emploie
Le veilllard y retrouve sa jeunessse
Et les jeunes en ont fait une loi.

C'est la banque de toutes les tendresses
C'est une arme pour tous les combats
Ca séchauffe et ça donne du courage
Et ça n'a qu'un slogan "on partage"

Au clair de l'amitié
le ciel est plus beau
Viens boire à l'amitié
Mon ami Pierrot

L'amitié c'est un autre langage
Un regard et tu as tout compris
Et c'est comme SOS dépannage
Tu peux téléphonner jour et nuit
L'amitié c'est le faux témoignage
Qui te sauve dans un tribunal
C'est le gars qui te tourne les pages

Quand t'es seul sur un lit d'hôpital
Cest la banque de toutes les tendresses
c'est une arme pour tous les combats
Ca réchauffe et ça donne du courage
Et ça n'a qu'un slogan "on partage"

Au clair de l'amitié
Le ciel est plus beau
Viens boire à l'amitié
Mon ami Pierrot


Boa semana para todos

terça-feira, 24 de março de 2009

Dias menos bons

Ontem fui , mais uma vez, fazer um tratamenro de imunoterapia ao Hospital de Dia do Hospital dos Capuchos. A moça que está na recepção é brasileira e uma simpatía, com o seu sorriso rasgado, anima todos os que ali vão entregar o cartão onde está escrito o dia, hora e espécie de tratamento que vamos fazer. Quando uma das fadas - é assim que chamo às enfermeiras que nos tratam - me chamou dirigi-me à sala onde estavam mais doentes e esperei um pouco, pois os quimicos são preparados só quando chegamos. São doze sofás azuis que, de braços abertos, nos recebem e onde nos aninhamos durante horas - o tempo de tratamento diverge consoante os orgãos onde o cancro se alojou ou as doses de químicos que é necessário injectar.
Ontem a minha sessão durou quase três horas porque, como sofro de osteoporose, a médica de oncologia foi de opinião que deveriam acrescentar ao herceptin um medicamento para reforçar o tecido ósseo e também um saquinho com paracetamol. Uma garrafa com soro e mais quatro sacos com líqido estavam pendurados por cima da minha cabeça.
O tempo, naquela sala, não me custa a passar por duas razões ;a primeira porque somos ali tratados com carinho, aquelas raparigas não regateiam sorrisos e mimos a todos que ali estamos ; a segunda, porque sabemos que a continuação do nosso bem mais precioso, a vida, passa por aquela sala e por aquelas mãos.
Que Deus contínue a iluminar o pessoal de enfermagem daquele sector, as nossas fadas, para que as suas varinhas de condão possam dar-nos mais tempo para gozarmos a nossa família, os nossos amigos e tudo o que nos rodeia. Bem hajam.
Hoje foi um dia sofrido pois me doeram todos os ossos, tive tonturas e uma certa má disposição.
Mas, nem tudo foi mau, à noitinha falei com a minha neta, a Mónica, e a voz dela foi um bálsamo que percorreu todo o meu corpo. Ouvi, também, a vozinha do Afonso que mandou beijinho à vó. Os meus netos são tábuas de salvação que não me deixam afundar, eles dão-me tanta, tanta força...e tantos miminhos... Adoro estes meus meninos...
Espero estar melhor amanhã para poder ir buscar a minha princesa ao colégio...

segunda-feira, 23 de março de 2009

Como se estraga um dia a alguém ...

O meu domingo começou tão bem... Fui à missa com a minha filha e a minnha neta, três gerações, lado a lado... Fico super feliz quando estamos juntas!
Depois da missa, diriji-me ao meu carro e ... o lado esquerdo estava todo riscado, debaixo até à altura dos fechos das portas. Perguntei ao gestor de espaço, é assim que chamo aos arrumadores, se tinha reparado no que acontecera. Segundo ele, tinha sido uma senhora com um jipe que, quando ele lhe chamou a atenção, encolheu os ombros e fugiu - foi esta a palavra que empregou. Deu-me uma matrícula que, espero seja verdadeira. Agora teremos de averiguar de quem é o carro mas eu e o meu marido não somos nada expeditos e temo que teremos de arranjar o carro e esquecer o sucedido.
A falta de consideração pelo próximo e a falta de educação põe-me fora de mim e , infelizmente, há cada vez mais gente que não sabe o que o que estas palavras querem dizer, abuliram-nas dos seus dicionários.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Dia do Pai

Querido pai
Há muito que partiste mas contínuas vivo no meu coração. Sinto que estás sempre junto a mim e me acompanhas nos bons e maus momentos. Recordo, com muita saudade, o teu olhar doce, os teus beijos meigos, os teus abraços ternurentos, as lágrimas que corriam pelas nossas faces, quando embarcavas para mais uma viagem, e a alegria imensa que sentia quando, de regresso, aparecias no convés e descias as escadas para nos abraçarmos e beijarmos. Recordo as lágrimas de alegria que brotaram dos teus lindos olhos quando soubeste que eu estava grávida e ías ser avô. O carinho, o amor que deste ao teu neto, o companheiro que foste nos passeios, nas idas aos museus, aos jardins, ao circo. Infelizmente não pudeste dar à Isabel Margarida o mesmo que deste ao Zé Paulo, pois deixaste-nos quando ela tinha apenas dois anitos.
Obrigada, paizinho, por tudo o que fizeste por mim, pela mulher que hoje sou, por todo o amor de pai e avô.
Beijos, muitos beijos da filha que te adora
Nini

terça-feira, 17 de março de 2009

Tarde maravilhosa

O dia estava lindo, muito sol e a temperatura amena convidavam a um lanchinho numa esplanada.
A Mónica gosta muito que a vamos buscar à escola. Às 16h30 lá estávamos à porta do colégio. Ela, como sempre, ficou eufórica quando nos víu. Perguntou onde íamos lanchar e eu disse-lhe que era surpresa. Como gosta muito de ir ao Corte Inglês, pois há sempre uma visitinha ao 4º andar, roupa de criança e brinquedos, calculou que seria aí o lanche. Neguei e dei-lhe uma pista - Vamos ver o rio - e ela , logo
- Belém...
O C.C.B. fora , realmente, o local escolhido pois íamos comprar bilhetes para um espectáculo , ópera " Crioulo " , cuja produção, libreto, música são de cabo-verdeanos e os cantores são também naturais do arquipélago.
Sentámo-nos na esplanada , virados para o rio e aí ficámos à convers. Vimos ainda uma exposição de pintura e só depois fomos levar a Mónica a casa.
A uma dada altura eu disse-lhe que gostava muito de conversar com ela ao que a nossa menina respondeu - Eu também adoro conversar com os avós. Claro que ficámos todos inchados.Só pudémos estar com ela cerca de três horas porque não trazia deveres para fazer em casa.
Foi uma tarde com brilho no céu e nos nossos corações.
Peço a Deus me deixe gozar estes bocadinhos por muitos mais anos.
Adoro os meus meninos e as minhas meninas, filhos e netos.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Domingo em família

Hoje, além do sol, quentinho e brilhante, que nos aqueceu e iluminou, também o calor humano fez parte do nosso domingo.
Eu a minha filha e a minha neta, três gerações, fomos assistir à missa.
Almoçámos, ao ar livre, no Campo Pequeno, com uns amigos. Éramos dez, sete adultos e três crianças.
Conversámos bastante e rimo-nos muito.
À tardinha, depois da sesta do Afonso, ainda fomos com ele ao Parque. O rapaz adora correr, jogar à bola e andar no escorrega.
Obrigada , filhotes, pelo lindo dia que nos proporcionaram...
Obrigada por nos terem dado estes dois netos msravilhosos...
Beijos risonhos para os quatro...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Sala de tratamentos

No dia 2 fui fazer mais um tratamento de imunoterapia ao Hospital dos Capuchos. Estava sentada num cadeirão, uma agulha espetada na mão com tres tubos ligados a ela e ao mesmo número de sacos, pendurados num suporte, que contêm liquidos que escorrem durante duas horas para a minha veia.
A uma dada altura, olhei para o fundo da sala, onde há uma passagem para uma casa de banho. Uma rapariga apoiada a um rapaz, também novíssimo, quase não cnseguia levantar os pés do chão. Era de estatura baixa, paracia uma criança. Tinha a cabelo muito curto, sinal de que já tinha suportado tratamentos de quimioterapia. Fiquei impressionada pois me paraeceu muito jovem. Tinha vestido um robe e nos pés sapatinhos de lã. Presumi que estaria internada e viera ali para fazer tratamento.
No dia quatro, fui a uma consulta com a minha médica de oncologia. Quando cheguei à sala de espera, foi-me dito que a doutora estava nas urgência nas salas de tratamentos a substituir uma colega. Poderiam os doentes marcar, para o dia seguinte, nova consulta ou serem atendidos no hospital de dia de quimioterapia.
Aceitei que ela me consultasse nesse dia pois tinha exames vários e análises para lhe mostrar. Quando, quem sofre de cancro, faz exames e análises, quer saber os resultados logo que possível, pois a vontade que lhe digam que está tudo bem é enorme.
Quando esperava pela médica, que atendia um paciente na Sala de Observação, chegam dois bombeiros que transportavam uma maca vazia. Da sala de observação, que comporta vários doentes, saíu um rapaz que disse a uma enfermeira:- A minha irmã já acabou o tratamento e a Doutoura já lhe deu alta. Ela diz que tem fome. A enfermeira chamou uma auxiliar que de imedito foi saber o que a doente queria comer. Passados uns minutos lá entrava, novamente, a auxiliar, com um tabuleiro onde se viam um copo de leite e um prato com um pãozinho.
Passado um bocado, saía da sala a mesma mocinha que eu vira no dia do meu tratamento.
A enfermeira ajudou-a a subir para a maca. Deu-lhe vários beijos e chamou-a pelo nome. Deitada na maca lá seguiu a A. para casa. Quando passou por mim fiz-lhe o melhor dos meus sorrisos que ela retribuiu.
A A. não sabe, mas , desde essa noite, não a esqueço nas minhas orações.
Quando a médica me comunicou que os meus exames e análises estavam perfeitos, fiz-lhe o mesmo sorriso, que aquela moça tão nova, já vira nos meus lábios.

domingo, 8 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher

É muito penoso, para mim, escrever algo sobre este dia, por várias razões.
Sem qualquer ordem, elas aqui vão:
- As mulheres são maltratadas e não respeitadas em muitos países
- Em Portugal, no ano de 2008, a violência doméstica causou a morte a cerca
50 mulheres e danos físicos e psicológicos a muitas mais
- Há algumas empresas que pagam, pelo mesmo trabalho, salários mais baixos às
mulheres
- Há cotas para a entrada de mulheres para cargos politicos.
Quantas mulheres são conhecidas nos Conselhos de Administração dos Bancos, das Companhias de Seguros, das grandes empresas nacionais?
Os dias das mulheres são todos os dias de cada ano. Elas trabalham para o patrão, cuidam da casa, dos filhos, do marido. Quantas vezes o seu esforço é reconhecido?
Já todos ouviram dizer:- Ela não faz nada, trabalha em casa! Só quem nunca teve a seu cargo o trabalho de uma casa de família poderá usar esta frase.
Claro que, como em tudo, há excepções!
Parabéns a todas as mulheres, por este dia e por todos os que seguem.
Mulher é Vida!

sábado, 7 de março de 2009

Teenager por quatro horas

Olá,amigos! Obrigada pela vossa força e preocupação!
Vou passar a explicar-vos o título desta mensagem. É verdade, ontem fui teenager por quatro horas. A Isabel e o Rui resolveram fazer um programinha nocturno com uns amigos, jantar e assistir a um estectáculo. Fomos, eu e meu marido, para casa deles para tomarmos conta da Mónica e do Afonso aos quais se juntaram as filhotas dos amigos, de 16 e 14 anos, penso que não estou a errar e as idades são estas. Encomendaram-se pizzas, que regadas com coca-cola e sumo, foram o nosso jantar. O Afonso comeu a sua sopinha e depois bolo (disse-me que não queria pizza, para ele aquela coisa redonda era um bolo)e uma grande pera - dá gosto ver o meu menino comer! A Mónica, uma das amigas - a outra não se juntou à nossa iguaria porque tem um aparelho nos dentes, fez uma refeição diferente - e nós avós deliciámo-nos com a invenção italiana.
As três meninas, que já tinham arranjado a mesa, tiraram a loiça suja que meteram na máquina. Umas ajudantes de primeira!
Já na sala, o avô lia o jornal, eu brincava com o Afonso e as pequenas viam um filme com muita música e iam cantando as que conheciam.
Chegada a hora do óó fui deitar o pequenito que ontem ficou acordado até mais tarde porque era sábado.
Quando os pais chegaram pedi-lhes que fizessem mais saídas pois foi óptimo estar com a pequenada.
A Mónica diz que elas é que tomam conta de nós, os avós.
Sinto-me tão feliz quando estou com os meus netos, eles dão-me força para enfrentar esta fase menos boa da minha vida.Adoramos estes miúdos!!!!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Quadros pintados pelo meu marido




Quadros pintados pelo meu marido





Cabeção - Alentejo



Passeio a Mora e Cabeção

Ontem fomos trinta e nove, ex colegas, já todos reformados, almoçar a Cabeção.
Todos os meses organizamos um almoço para nos juntarmos, conversarmos, e continuarmos uma amizade que sempre mantivémos enquanto trabalhávamos.
Recordamos situações boas ou menos boas que passámos no nosso local de trabalho e nas viagens que fizemos, rimos muito e divertimo-nos imenso.
Começámos por combinar almoços em Lisboa ou nos arredores mas há uns tempos resolvemos que de vez em quando alugaríamos um autocarro e juntaríamos ao almoço um passeio. Este mês decidimos ir ao Fluviário de Mora e depois da visita seguimos para Cabeção onde saboreámos a sopa de cação, as migas com espargos do campo, a sericaia com ameixa e, claro, para regar tudo isto, vinho de cabeção.
Depois do repasto tipicamente alentejano caminhámos um pouco e tirámos umas fotos.
O dia estava óptimo e o Alentejo sempre bonito.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Exposição de Pintura do Chico

Dia 17 de fevereiro - Inauguração da exposição de pintura do meu marido.
Hoje foi mais um dia muito feliz para nós. Pela primeira vez o Chico expôs individualmente. Já esteve em algumas colectivas. Foi à exposição um colega que frequentou com ele o 6º e 7º ano do liceu e depois o curso de arquitectura. Apareceram colegas de trabalho que não víamos há anos e vários amigos.
Num ambiente muito agradável estivemos em amena cavaqueira.
Todos gostaram dos quadros, realmente estão muito bem pintados. Claro que eu sou suspeita mas ele desenha e pinta muito bem. Estou muito orgulhosa do meu pintor, Deus lhe dê saúde para continuar.
Tudo de bom, amigos
Idaldina

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Amigos

Muito agradecida, meus amigos, pela vossa força.
É reconfortante saber que, apesar de não me conhecerem, me querem bem! São pessoas como vós que me ajudam a querer viver, a querer estar aqui, a querer vencer!
Tambem a minha linda família tem contribuido para que eu enfrente este mal com toda a coragem do mundo.
No domingo tivémos um dia lindo! A minha neta Mónica, a minha menina, fez a sua primeira comunhão. Estava linda e tão feliz! Os pais não escondiam o contentamento de ver na filhota uma menina mais "crescida" e mais responsável. O mano , mesmo não percebendo o que se passava, estava tão feliz, tão contente!
Os olhos da bivó - 88 anos - brilhavam quando olhava os bisnetos. O tio, vaidoso dos seus sobrinhos, foi o fotógrafo de serviço. Os avós babadíssimos pelos netos maravilhosos, ternurentos e meigos.
Foi uma reunião de família maravilhosa, todos adorámos.
Como poderia eu deixar-me abater por um qualquer mal com esta família a apoiar-me?
Nunca me verão triste, seria ingratidão da minha parte.
A vida é linda! Quero viver!
Muitos sorrisos para todos vocês.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Cancro da mama

... 29 de Junho de 2007 às 15h30, tinha marcação num consultório de radiologia para fazer a mamografia e ecografia mamária que, anualmente desde os 39 anos, realizava.
Depois dos exames a radiologista mostra-me uma mancha minuscula na mama direita e diz-me que aquela calcificação era duvidosa e que eu deveria ir fazer uma biópsia.
Não sei se o que senti foi medo ou preocupação mas no meio do peito ficou um nó.
Logo que tive os exames em meu poder fui mostrá-los a um moço, por quem tenho um carinho muito especial - ele chama-me de mãe adoptiva -, que é neurologista. Aconselhou-me a contactar, de imediato, um cirurgião amigo. Assim fiz, o Dr. D. foi de opinião que em vez de fazer a biópsia seria de retirar a calcificação e mandar analisar. Dia 27 de Julho foi-me retirado o tumor e 3 dias passados regressei a casa.
A análise , em príncipio, viria daí a 3 ou 4 semanas, mas nos meses de verão poderia levar mais tempo a ter o resultado.
Tínhamos, eu e meu marido, minha filha e marido e meus netos quartos marcados num hotel do Algarve para passar uns dias de férias. Exatamente no dia em que regressávamos estávamos à borda da piscina quando oiço a voz do Ivan Lins " Quando ela passa por mim Rio de Janeiro de mais, mesmo que estivesse em Berlim eu veria logo os sinais ", era o meu celular que tocava.
Atendi, do outro lado a voz simpática do meu cirurgião a comunicar-me que no dia seguinte teria de voltar ao hospital para me esvaziarem os ganglios linfáticos pois na análise ao tumor apareceram células malignas.
Foi impossível esconder da minha família mas não perdi a força embora o tal nó permanecesse exactamente no mesmo local desde o dia 29 de Junho. Eu não podia fraquejar e muito menos deixar que eles ficassem mais preocupados do que já estavam.
Dia 4 de Setembro fui internada, conversei com o pessoal de enfermagem e com outras doentes a quem dei um pouco de coragem e que ainda fiz rir com as parvoíces que disse.
Fazer o quê? Eu estava bem, tinha que animar quem se sentia mal.
No dia seguinte levaram-me para o bloco. Antes tinha tomado um comprimido que quase me pôs a dormir. Na primeira cirurgia consegui contar uma anedota à anestesista e técnicas do bloco, quando "apaguei" estava a rir.
No dia seguinte vim para casa aguardar que passassem mais 3 semanas ao fim das quais houve o resultado da análise. Por um dos ganglios haviam passado células malignas.
Seguiu-se a quimioterapia, os enjôos, as aftas e o que seria mais visível, a queda do cabelo. Eu estava avisada pela médica oncologista que do 2º para o 3º tratamento os cabelos começariam a abandonar o seu posto. Nas duas semanas a seguir à 1ª dose de quimio a escova começou a trazer os fios que no seu conjunto embelezam qualquer rosto. Foi fácil chegar ao salão de cabeleireiro e pedir que me rapassem a cabeça.
Foi fácil, mas havia uma enorme preocupação. Como aceitaria a Mónica o meu novo look? Ela que já andava tão preocupada com as minhas operações!?
O meu marido tirou-me uma foto com o telemóvel e enviou para a minha filha. Logo recebi uma mensagem - Vó, pareces uma cantora! Foi um alívio.
Atrás da químio veio a radioterapia e desde Junho a imunoterapia, que vai durar até Maio.
Já devem estar aborrecidos, hoje alonguei-me, mas tenho de lhes dizer que choro a ler certos livros, choro no cinema, choro a ver noticiarios, mas.... ainda não chorei uma lágrima pela doença que me atingiu. Acham que um cancro merece que eu gaste lágrimas por ele? Não lhe dou esse prazer!
Com a força que recebo da minha família , dos meus amigos e com a ajuda de Deus eu vou superar esta fase menos boa da minha vida!
Peço a todas as mulheres que lerem este post: - Não deixem de fazer o rastreio, não se descuidem.
Aos homens que tiveram a paciência de chegar até aqui:- Avisem as vossas mulheres, as vossas mães, as vossas filhas, as vossas amigas.
É preciso lutar contra este mal, o cancro não pode vencer-nos!
Façam o favor de ser felizes!
Idaldina

P.S. - O nó contínua exactamente no mesmo lugar, penso que arranjei um companheiro para a vida!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Ser Forte!

Espreitando um blog, li este texto de autor desconhecido que não resisti a copiar aqui.
E se eu , hoje, precisava de força...!!!!
Gostei de ler estas linhas e fiquei feliz, sou FORTE!!!


Ser Forte ! Ser forte é amar alguém em silêncio Ser forte é deixar-amar por alguém que não se ama Ser forte é fingir alegria quando não se sente Ser forte é sorrir quando se deseja chorar Ser forte é consolar quando se precisa de consolo Ser forte é calar quando o ideal seria gritar a todos sua angústia Ser forte é irradiar felicidade quando se é infeliz Ser forte é esperar quando não se acredita no retorno Ser forte é manter-se calmo no desespero Ser forte é elogiar quando se tem vontade de maldizer Ser forte é fazer alguém feliz quando se tem o coração em pedaços Ser forte é ter fé naquilo que não se acredita Ser forte é perdoar alguém que não merece o perdão. Por mais difícil que seja a vida, "ame-a", seja forte.

Autor Desconhecido

Uma boa semana para todos!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

"Morna" e guerra

Se há palavras verdadeiramente incompatíveis, "morna" e guerra são duas delas.
"Morna", a música de cabo verde é lenta, lânguida, romântica. Morná é, em crioulo, dançar a morna.
Como já vos disse nasci em S.Vicente - Cabo Verde - mas vim para Lisboa com dois anos e não voltei lá até que, em 1969 fui trabalhar, destacada pela minha empresa para a ilha do Sal.
Fiquei muito feliz pois ía conhecer a minha terra. Todas as sextas feiras à tarde viajava para S.Vicente de onde regressava segunda feira . A minha avó materna e vários primos ainda lá viviam.
Nessa altura a guerra do ultramar, como lhe chamavam, estava acesa nas colónias, províncias ultramarinas como eram apelidadas no "tempo do outro senhor".
Os tropas, que tinham sido enviados para Cabo Verde, onde nunca houve guerra , viveram ali uma campanha serena de convívio com os cabo-verdeanos , fizeram no arquipélago grandes amizades e muitos casaram com naturais das ilhas.
Nessa altura provou-se que morna não tem a ver com guerra. Agora também a "morna" e a guerra nâo se vão encontrar. Cesária Évora, a diva dos pés descalços que tem levado a morna a todo o Mundo, acaba de cancelar dois concertos em Israel. Não canta em países em guerra. O meu aplauso, Size!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Mudança de visual

Tenho estado ausente pois, por motivos de saúde, não devo "teclar" em demasia. Podem alguns amigos notar que não tenho comentado os seus postes mas o motivo é o que expliquei acima. Não vos esqueço e vou lendo o que escrevem.
Hoje com a ajuda da minha filhota mudei o visual deste blog. A foto que está no cimo é de um pedacinho da ilha onde nasci, S. Vicente. Ao fundo podem ver um monte com o formato de uma cara, nome pelo qual é conhecido.
Pensei que poderia prestar uma homenagem ao imenso mar azul que banha a ilha e encontrei estes peixes tropicais que não ficaram aqui nada mal. Gostam?
O peixe é o alimento principal dos habitantes da ilha. Eu costumo dizer que enquanto houver mar não há fome. O atum é o predilecto e confeciona-se de todas as maneiras, arroz de atum, atum estufado, bifes de atum e até , não vão acreditar, canja de atum. A canja de atum é um prato indispensável em qualquer festa. Os meus patrícios são muito alegres e qualquer comemoração tem sempre música e dura até de madrugada. Todos dançam, todos sabem dançar. Quando começam a andar logo lhes salta o pézinho para a dança. Não conheço nenhum caboverdeano ou caboverdeana com pé de chumbo.
Voltando à canja, depois de se dançar horas seguidas há sempre, alta madrugada, um prato de canja para recuperar as forças. E sabe tão bem!
Ainda hoje adoro dançar embora com mais moderação, mas não digo que não a uma morna, nem à canjinha, claro!
Uma boa semana para todos
Idaldina

sábado, 24 de janeiro de 2009

"A TROCA"

Fomos ver, eu e meu marido,o último filme realizado por Klint Eastwood. Este senhor já realizou vários filmes muitíssimo bons mas sempre muito violentos. Agora -2008- escolheu uma situação verídica para passar ao grande ecran. O filme não é uma maravilha, embora esteja muito bem feito. Se puderem não deixem de vê-lo porque a intrepertação de Angelina Jolie é extraordinária , foi nomeada para o Óscar de melhor actriz principal. Quanto a mim este é, até agora, o papel da vida dela. O tema não é fácil, uma mãe a quem é raptado um filho e, por razões de vária ordem, lhe é devolvida uma criança que não é a sua. O sofrimento daquela mãe e a sua luta na procura do filho, não tem descrição. Claro que chorei, mas gostei muito do filme.
Desculpem ter estado ausente, mas tenho um pequeno problema de saúde que não me deixa estar muito tempo ao teclado do pc.
Resto de bom fim de semana para todos.
Beijos

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

I have a dream! Eu tenho um sonho!

Não, desta vez o sonho não é meu! "I have a dream" foi como ficou conhecido o discurso que Martin Luther King proferiu junto ao memorial a Abraham Lincoln, 16º presidente dos Estados Unidos da América, em Agosto de 1963. O seu sonho era que os americanos, qualquer que fosse a sua côr, tivessem os mesmos direitos, os negros e os brancos pudessem dar as mãos, esse era o país que ele queria para os seus filhos. Em 1964 recebeu o prémio Nobel da paz e em 1968 foi assassinado por um branco que tinha escapado da prisão.
O dia 20 , aqui em casa , foi dedicado ao novo presidente dos USA ( claro que somos reformados) . Logo de manhã, o canal de televisão escolhido foi a CNN , começámos a ver como seria o dia do casal Obama. Eu assisti a tudo - o meu marido ía ouvindo - estava a pintar um quadro - e de vez em quando olhava para o ecran da caixa mágica.
Enquanto durou a emissão não descolei os olhos do televisor. Eles são muito simpáticos e o novo presidente fez um brilhante discurso onde ninguem foi esquecido! Enquanto ele falava eu pensava nas palavras de Luther King "I have a dream".
Eu acredito que este jovem vai mudar o seu país e ajudar a mudar o Mundo!

domingo, 18 de janeiro de 2009

A importancia de um botão

Amiga;- Mas tu estás zangada com ela? Não lhe falas?
Mónica:- Eu não lhe vou falar
Amiga:- Queres que eu lhe diga que tu não lhe queres falar
Mónica:- Não é preciso, mas eu não lhe falo
Esta cena passava-se no balneário da piscina, enquanto vestiam os fatos de banho. Fiquei intrigada pois são as três muito amigas. Entretanto, entra em cena, vinda da aula de natação, pois vai mais cedo, a colega de quem falavam. A Mónica continuou a arranjar-se e não disse palavra. A M. comunicou que tinha nadado oito piscinas e que depois do duche ía pedir à avó para ficar um pouco mais, e ìa lá para cima assistir à aula das amigas. A dada altura , já na varanda de onde podemos assistir à natação, reparei que a M., que estava a meu lado, lhes fazia adeus e ambas retribuiram com um sorriso. O mal tinha passado.
Terminada a aula, desci para assistir ao banho, e lavagem da cabeça, que a minha neta já se desembaraça a fazer sózinha. Enquanto se vestia não resisti a perguntar-lhe o que se tinha passado para que ela não falasse com a M.. Ela com um ar muito triste contou-me que no colégio a amiga lhe mostrara um botão - Tu sabes, vó , eu adoro coisas pequeninas, e ela não me quis dar o botãozinho e a avó dela tem muitos iguais. Disse-lhe que um botão não tinha assim tanta importância para que deixasse de falar com a amiga e prometi dar-lhe um botão pequenino.
Como eu gostava que todas as díficuldades que a minha menina vai enfrentar na sua vida tivessem a medida de um botão pequenino!!
Tenho quatro netos e só ela é menina. É muito preocupada comigo, muito meiga, é uma menina de ouro. Tento dar-lhe tudo o que não me foi possível dar à minha filha. Isto de ser avó reformada é um bem sem preço! Peço a Deus que me dê vida e saúde para poder ver a minha menina e os meus meninos crescerem e poder dar-lhes colo sempre que eles necessitem. Podem chamar-me avó babada!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Um cantor, um amigo

O programa da RTP África "Músicas de África", no passado domingo, apresentou um vídeo do Ildo Lobo , falecido em Outubro de 2004, as lágrimas saltaram-me, teimosamente dos olhos. Perdemos um amigo e a música caboverdeana ficou muito mais pobre. O Ildo intrepretava a "morna" com um sentimento, uma força, uma doçura inegualáveis. Ele escrevia poemas que musicava mas cantava tambem grandes poetas
caboverdeanos.
Ouvi-lo cantar era sentir todo o amor que vem de dentro daquelas terras, daquele mar e dos corações do povo cabocerdeano.
Ildo, para nós tu estarás sempre vivo na tua música, na tua simpatia, na tua amizade e no amor que dedicavas a Cabo Verde.
Para ti um sorriso e uma flor.

Vejam e oiçam no post acima "Nôs Morna", cantada pelo Ildo. Embora intrepertada em criolo é fácil perceber a letra. Qualquer dúvida estarei à vossa disposição.
Beijos
Idaldina

sábado, 10 de janeiro de 2009

Saudade

Não gosto de frio por várias razões mas a maior é a saudade. Perguntarão vocês, mas o que tem o frio a ver com a saudade? Tem tudo. Lembro a querida ilha onde nasci, o calorzinho, a água tépida daquele mar. " Sôdade, sôdade, sôdade desse nha terra Cabo Verde.... ( Saudade, saudade, saudade dessa minha terra Cabo Verde....). Alguns conhecerão, certamente, esta canção na voz de Cesária Évora, a diva dos pés descalços, a deusa da morna, a mulher que tem levado a música caboverdeana aos quatro cantos cantos do Mundo, a Amália Rodrigues do meu arquipélago.
Mas, não é só a temperatura do ar, é o calor humano que habita cada natural daquelas ilhas.
Pena que a maior parte dos turístas portugueses só conheçam a ilha do Sal! Esta é, realmente, a mais virada ao turismo, embora a ilha da Boavista já seja um bom local para passar umas férias de descanso absoluto.
No entanto, meus amigos, se tiverem possibilidade, vão conhecer S.Vicente e a sua vizinha Santo Antão. Conversem com os naturais, sintam a humildade, a simpatia, a alegria , daquele povo. Comam o peixe fresco daquele mar e a catchupa , uma feijoada com milho e outros feijões que se cultivam nas ilhas.
Posso garantir-lhes que vão gostar. Eu sei que sou suspeita mas familiares, amigos, colegas, conhecidos, que já pisaram aquelas terras, não se desiludiram, só dizem bem.
Lembrei agora a frase que minha avó materna, que sempre resídiu em S.Vicente, dizia a todos que a visitavam na sua casa :- A casa é pequena mas o coração é grande.
Acabo copiando a minha avó, o meu blog é pequeno mas o meu coração é grande. Usem-no sempre que precisarem de um mimo ou de alento. Os préstimos são fracos mas a boa vontade é muita.
Grata pele vossa paciência.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

SONHO

É verdade, o ano de 2009 começou bem para mim! Há muito que andava com vontade de ter um blog. Quem lê o meu perfil pode pensar que, com a minha idade, não deveria ter paciência nem conhecimentos para experimentar novas tecnologias. Eu explico:- a minha idade interior é inferior à que mostra o meu BI. Tenho interesse por tudo o que é novo e, isto é segredo, muita pena de não assistir às futuras descobertas da ciência, sobretudo no que respeita aos estudos para cura de doenças tão em voga na época em que vivo. Herdei do meu saudoso pai este gosto pelo saber. Mas, voltando às novas tecnologias, neste caso , computadores. Trabalhei numa grande empresa que, calculo, deve ter sido das primeiras, senão a primeira, a ser computorizada em Portugal. Chegada à reforma eu disse que não queria voltar a sentar-me em frente de um monitor e seu teclado. Decorridos uns tempos o bichinho da curiosidade levou-me a comprar um PC. A net é minha companheira de muitas horas, adoro "navegar". Tudo o que tenho necessidade de saber é lá que procuro.
Foi com a ajuda da minha filha que o blog nasceu - obrigada filhota. Também tenho de agradecer à minha neta que , apesar dos seus nove aninhos já me tem ensinado muito. Tenho ainda um obrigado para um amigo blogueiro que tem a sua cota parte na criação deste blog. Bem hajam.